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10.29.2017

A primeira birra (de muitas) da Luísa.

Caso eles ainda não estejam nessa fase, há algo de muito assustador quando eles fazem a primeira birra a sério. É normal fazerem-no, não estão a ser mimados, não precisam de palmadas, é provável que tenham sono, ou fome, estejam frustrados, faz parte do crescimento e, apesar de não os reconhecermos naquele instante - caso até então tenham sido bebés "fáceis"-, sabemos que se irá repetir mais e mais vezes. 

Apesar de saber que esse dia ia chegar, não soube como reagir. Foi uma coisa muito "fora", como se nunca tivesse presenciado nada assim, como se fosse mãe de "primeira viagem", quando a Isabel já teve episódios semelhantes nos níveis de "descontrolo" e também nós sem sabermos bem como a ajudar, principalmente numa fase de terrores nocturnos. 

A Luísa, perante uma troca de fralda, começou a chorar. A chorar muito. A debater-se. Depois não queria vestir-se. Aquilo começou a escalar. Estava cheia de sono, mas só me apercebi naquele momento, até então não tinha dado sinais. Começou a dar luta, a espernear. Fomos para a cama para tentar que dormisse, mas já tinha ultrapassado o limiar. Tentei distraí-la, sossegá-la, dar-lhe mama, abraçá-la, retirá-la do quarto, mas já não consegui. Batia, mordia-se a ela própria, gritava e eu cheia de medo que se magoasse. Foi uma senhora birra, uma daquelas ao nível do Exorcista. Tentei acalmá-la mas aquilo só a enervava mais. Veio o David, tentar distraí-la, mas nada. Colo era sentido como um colete de forças. Ainda piorava. E ficámos os dois a olhar para ela, à espera que se cansasse. Não nos ocorreu mais nada. Sentimo-nos impotentes.

Quando ela acalmou, veio para o meu lado e pediu mama. Respirou fundo, muitas vezes. Adormeceu.

E com isto tudo veio aquela sensação de que está a crescer. E que crescer implica, muitas vezes, dor. Implica contrariedade, frustração. Para ela, para nós. Vieram-me as lágrimas aos olhos durante o episódio. Tantas vezes brinco a dizer que estou deserta que aprendam a fazer ovos mexidos de manhã para eu poder ficar a dormir mais uma hora, mas são estes momentos que me lembram de que quanto mais crescem, maiores os desafios. 

E estamos ainda tão longe da adolescência. :)
Que até lá tenhamos construído uma relação tão sólida e respeitadora que torne tudo mais fácil. Assim o espero. Para já, venham as primeiras birras. Inspirar, expirar, tentar ajudar, redireccionar, abraçar, esperar. Vai passar.  

Fotografia The Love Project



Entretanto tenho de reler este post sobre a forma como tentava lidar com as primeiras birras da Isabel:


 
 
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10.26.2017

Ainda vivemos na pré-história?

Não é costume levar a minha filha ao centro-comercial. Confesso que, quando vou às compras, prefiro que seja um momento mais para mim, em que posso ter headphones e fazer escolhas devagarinho, sem ter que me preocupar com mais nada, nem sobre maneiras de dizer não à Irene que não lhe vou comprar aquilo ou isto.

É normal que ela queira tudo. Isto do consumismo apela muito a este lado mais pequenino nosso. O desejo imediato de algo que não precisamos para sentir aquele high de novidade e posse, mesmo que acabe esquecido 20 minutos depois algures dentro do carro ou dentro de um armário. 

Ela tem 3 anos. Vê coisas que são postas propositadamente ao nível dela, coisas com desenhos que são apelativos, músicas e que alimentam um mundo de fantasia que se retroalimenta com o merchandising. São tudo truques para gastarmos dinheiro que nos custou a ganhar com a ausência da vida dos nossos filhos. É dinheiro que custa o dia inteiro no trabalho e eles o dia inteiro na escola. É dinheiro que nos faz responder a mails fora do horário e a atender a telefonemas enquanto eles nos pedem para nos sentarmos e olharmos para a casa de Lego que estão a fazer. 

Este dinheiro, mesmo que seja um euro aqui e um euro aqui tem de ser gasto em nós, para algo que nos faça sentir algo mais que um kick momentâneo ("nem sempre" - penso eu se receber a newsletter da Zara). 


Não é habitual ir com ela, mas fui. Ao sair das escadas há uma máquina daquelas que tem uma garra e que tira bonecos. Quando se põe um euro, tem-se duas vezes para tentar e, na hipótese de não sair o boneco, legalmente estão protegidos porque dão um rebuçado, deixando de ser assim um jogo de "sorte ou azar". 

É, aos meus olhos, triste que este tipo de indústrias viva degradando o sistema de pensamento da criança e que tal seja sempre estrategicamente posto, como uma armadilha, para não dar para fugir. Claro que depende dos pais o que decidem ou não decidem (ou, se nem sequer se apresenta como algo a pensar como em muitos e isso é com cada família, claro), mas acho que devíamos ter uma sociedade mais protectora das crianças.

Bem sei que há crianças que nem têm o que comer, que nem têm com quem passear, sei tudo isso. Porém, não podemos deixar de olhar para tudo com vontade de fazer parte da mudança, mesmo tendo consciência e dor de que existem sempre problemas maiores e tão maiores. 

O tipo de publicidade para crianças na televisão (evito os canais de desenhos animados com publicidade por causa disso), os produtos à altura deles, os desenhos animados feitos já a pensar no merchandising... Fazemos parte de um esquema muito, muito grande e em que o objectivo é deitarmos fora o dinheiro que nos custou horas de distância dos nossos filhos e mais dinheiro a pagar quem toma conta deles por nós. 

Podemos não pensar nisto porque já temos de pensar em tanta coisa, mas podemos também pensar nisto e tentar criar um futuro diferente, com outros automatismos mais saudáveis para os nossos filhos. O automatismo de beber água, de arrumar as coisas que desarrumam, de serem solidários, empáticos... 

Parece que não, mas acordei bem disposta. Esta merd* das máquinas e de haver armadilhas que nós, homens, pomos para nós mesmos é que, às vezes, me deixa um pouco revoltada.

Tendo consciência, claro, que terei os meus telhados de vidro. Sempre. 






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10.15.2017

Não há lobos maus, Irene. Os lobos têm é fome.

Tenho-me vindo a aperceber (através de vários inputs) que o ser humano vai naturalmente pelo caminho mais fácil - não necessariamente o que lhe trará os resultados que ele precisa. Vai por aquilo que lhe parece apetecer ou por aquilo que lhe parece verdade. 

Só que já estamos emoldurados pelas molduras dos nossos pais que foram as dos nossos avós ou que, então, foram precisamente o contrário.

A minha cabeça funciona por gavetas: a do bom e do mau, a do melhor e do pior, a do a favor e contra, a do branco e preto, a do rico e do pobre, a do gordo e do magro. Tanto quanto me tem parecido, é assim que a maior parte de nós funciona também. 

Parece que nos facilita trabalho, mas só complica. 

Complica porque quando falhamos, achamos que somos uma porcaria. E quem é uma porcaria nunca é bom. É horrível porque quando reparamos que não somos magras, achamos que somos gordas. É uma tristeza porque também o somos assim com os outros depois. 

A Irene perguntou-me ser era má e eu respondi-lhe que toda a gente é tudo. 

Tal como o lobo mau só tem fome, gosta é de comer porquinhos. 

Aquele menino que te deu uma palmada não é mau porque te bateu, tem o "senhor medo e o senhor zangado" na cabeça tal como tu e eles falaram muito alto. Tu também já bateste nos teus amigos e não és má por isso. 

Isso não faz com que deixe de doer. Dói quando se recebe uma palmada e não se deve magoar ninguém. 

Dói quando a mãe grita por estar zangada, não é? A mãe não é má por ter gritado, mas como sabe que te dói, tenta não o fazer ao máximo. 

Bom, não lhe disse tudo isto. Tenho vindo a dizer consoante as oportunidades.

Reparo que até a comida como por partes (a carne toda primeiro e só depois o arroz...) e que um dos meus maiores fascínios são artigos de papelaria, organizar coisas. 

Nem tudo tem de ter uma gaveta, não somos uma coisa ou outra. Somos tudo, vamos sendo.

E o que sofremos com as etiquetas, até só na nossa cabeça...? Ao ponto de as impingirmos aos outros? E quanto disto se reflete naquilo que vivemos enquanto somos mães e nos dedos que apontamos às outras?

Unir.


 


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10.13.2017

Quando és Mãe...

... ficas inebriada com o cheiro dos teus filhos

... aprendes a ser melhor com eles

... não tens vergonha de dançar no meio da rua

... não te levas demasiado a sério e brincas ao que calhar

... ficas ali a noite toda ao lado e mal pregas olho quando estão com febre

... não te chateias se se sujam porque sabes que faz parte (e é importante)

... derretes-te com coisas mínimas que eles façam ou digam, que são tudo

... dás um passeio sem eles e ficas cheia de saudades

... dás um passeio sem eles e queres repetir

... não dás nenhum passeio sem eles porque queres tê-lo(s) sempre contigo

... baixas-te para ouvir e tentas ir à velocidade deles

... não mexes no telemóvel e ficas só a ver as gracinhas que te querem mostrar

... vais às compras para ti e sais de lá com (mais/só) coisas para eles

... dás por ti a fazer o prato preferido dele(s) só para os ver surpreendidos

... dás por ti a fazer coisas que não fazias antes, mas que afinal descobres que até gostas

... não dormes grande coisa mas sobrevives (e nunca pensaste que isso fosse possível, tu que dormias até ao meio dia de sábado e ainda era pouco)

... tocas em cocó sem que isso te provoque um vómito, nem te faça grande confusão

... tentas memorizar todas as expressões e refegos e sons dos teus bebés

... nunca amaste ninguém como os amas e, por mais que o dissessem, nunca sonhaste que fosse tão incrível

... queres construir uma relação de confiança e de empatia com os teus filhos, que eles te vejam como um porto de abrigo, te respeitem e que não tenham medo de ti

... revês os filmes da Disney com nostalgia e cheia de alegria

... choras muito mais vezes e tens muitos mais medos

... ficas mais forte

... apesar de não teres férias-férias, não trocavas a confusão por nada deste mundo

... tens conversas com outras mães no parque sobre os filhos (e juraste que não o farias!)

... sofres quando eles caem, quando um menino no parque não quer brincar com eles, quando os vês sofrer

... dás um valor imenso aos teus pais e passas a admirá-los ainda mais

... desejas que sejam as pessoas mais felizes deste mundo.


Também vos aconteceu desde que foram mães?




 Fotografia - The Love Project
(se querem ter "aquelas" fotografias em família, 
é chamar a Joana Sepulveda Bandeira!)



 
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10.12.2017

Está na hora

Está na hora.
Está na hora de parar por alguns minutos.
De voltar a mim.
De respirar e perceber o que é melhor.
Para mim, para ele, para elas.
Pesar tudo muito bem pesado.
Não podemos querer tudo.
A vida é feita de escolhas.
Nem sempre acertamos.
Nem sempre sabemos se será a melhor.
Mas vamos.
A medo.
Outras vezes com confiança.
Às vezes com brilho nos olhos, esperançosos.
Outras vezes petrificados.
Baralha e volta a dar.
Manda todas ao ar.
Umas ficam viradas para cima.
Outras viradas para baixo, sem as podermos adivinhar.
Qual o caminho?
Volto atrás?
Vou em frente?
Escuta-te.
Pesa tudo de novo.
Quando te fizeste estas perguntas, em tempos, eras outra.
Elas eram outras.
O que já fez sentido pode não fazer agora.
A vida é isto, também.
Este jogo.
Às vezes imprevisível.
Outras vezes a seguir o seu curso, calma, serena.
Encontra o norte.
Respira.
Arregaça as mangas.
E tenta.
De novo.
Tenta.




 Fotografias - The Love Project
Cabelo e maquilhagem - Cut by Kate
Relógio (smartwatch) - Fossil (este)



 
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10.09.2017

Beijam-se e batem uma na outra: são irmãs.

Era expectável. Tenho conhecidas cujos filhos não se batem, mas cá em casa acontece, de forma bastante regular até, mesmo elas não tendo como imitar esse comportamento dos pais (não lhes batemos). 

Alguém anda com a mão demasiado leve foi um dos posts que escrevi sobre o facto da Isabel, já há ano e meio, e que ajuda a que não se sintam sozinhas, caso os vossos filhos estejam a passar por esta fase.

Na altura fez-me bem ler este texto do blogue Parentalidade com Apego para perceber até as razões fisiológicas para o ato de bater. Adorei a questão da "tampa" no cérebro, o modelo cérebro-mão e de relembrar (como eu adorava as aulas de psicologia do 12º ano!) o córtex e o sistema límbico. A questão do desenvolvimento dos sentimentos mistos é super, super interessante. 
"Só a partir dos cinco anos de idade é que córtex cerebral começa a desenvolver-se o suficiente para que a criança comece a ser capaz de sentir estas duas coisas opostas e aparentemente contraditórias ao mesmo tempo: detesto-te neste momento mas sei que gosto muito de ti e não te quero magoar. Então tudo que precisamos de fazer é dar-lhes tempo para chegarem até aqui", pode ler-se.

Portanto, as duas pegam-se - principalmente em momentos em que têm de partilhar - e eu tento explicar-lhes que não se faz e que as mãos são boas para desenhar, para fazer festinhas, para bater palmas, etc, etc. É fácil? Nada fácil. Mas faz parte. O importante é não reagir por impulso e dar uma lamparina a cada uma. Às vezes apetece? Apetece, não vou negar! Só que é uma forma preguiçosa de responder e eu acredito na disciplina positiva! Ensinar que não se bate a bater? Ensinar que o mais forte pode bater no mais fraco? Não, zero sentido, não posso concordar. 

O que fazer? Esperar que ambas superem esta fase, com respeito por elas.

A seguir a este episódio deram festinhas uma à outra e andaram de carro de mãos dadas. Beijam-se e batem uma na outra? São irmãs.











Saias, camisola e body de golinha - Catavento

Colcha - Snug me


 

 
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10.02.2017

Ainda mama?

16 meses. Mama. E acho que é a coisa que mais gosta de fazer na vidinha dela.

Eu também gosto. Muito. Menos durante a noite, confesso (ainda se fosse de 3 em 3 horas ou 4 em 4 horas... mas não, é quase de hora a hora) - calma, não são todos assim, não vamos culpar a mama (provavelmente sem mama também acordaria), e, assim que passe o período de adaptação à escola, iremos a uma consulta tentar descortinar o que se passa e ver se há coisas, que não sejam agressivas, que se possam fazer para melhorar as nossas vidas.

Não me espanta o espanto com que reagem ao facto da Luísa ("ainda") mamar. As pessoas não estão habituadas a ver. Perdeu-se, ao longo dos anos, esta partilha, principalmente no ocidente. Por isso, considero importante fazê-lo, com naturalidade, quando tiver de ser. Já houve sítios onde a distraí com outras coisas porque não me apetecia; mas, na maioria das vezes, não me incomoda absolutamente nada. Percebo que cause estranheza - já anda, já come com a própria colher, já parece tão autónoma e "ainda" mama? Habituámo-nos a achar que só os bebés até aos 6 meses mamavam (máximo dos máximos, 1 ano...). Mas, não, os bebés devem mamar, caso a mãe queira e tenha essa possibilidade, no mínimo, até aos dois anos. A partir daí, acontece o desmame natural que se poderá situar, segundo estudos antropológicos, entre os 3 e os 8 anos. Isto seria o "desejável", mas defendo que não tem de ser necessariamente a nossa escolha.

Todas conhecemos uma tia, uma avó, uma vizinha que deu de mamar até tarde, até o puto "ir para a escola". E, lá está, por falta de hábito, achámos estranho. Eu, com uns 19 anos, confesso, achei estranhíssimo quando uma miúda se levantou da sua cadeira e foi pedir maminha à mãe. Preconceito meu. Falta de hábito. Desinformação.

Agora, e respeitando quem não o queira - ou não possa - fazer, respeito igualmente quem faz amamentação prolongada. Já não me causa estranheza. Já sei que é normal. Que não é sinónimo de carência, de falta de autonomia, do que quer que se acuse, infundadamente, apenas por preconceito e desconhecimento.

Eu não sei até quando irei amamentar a Luísa. Por enquanto, estamos bem assim e não me imagino sequer a cortar-lhe com a coisa que ela mais gosta no mundo. E que, ainda por cima, lhe faz tão bem, nutricional e emocionalmente falando (porque, ao contrário do que se possa pensar, lhe traz segurança). Irei fazer ouvidos moucos a quem me disser, apenas por achismos, que já não faz sentido amamentar.

E com esta minha experiência quero passar-vos apenas isto: quem decide a hora do desmame é o bebé, a mãe, o bebé e a mãe. Os outros não entram nesta equação.






 Fotografias - The Love Project
Tudo o que já escrevemos sobre

 
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Estou com rugas...e cabelos brancos...e...

Estou cheia de cabelos brancos. Não é algo que tenha que ver exclusivamente directamente com a idade porque já tive colegas na escola, no 11º ano que tinham cabelos brancos. 

Lembro-me da primeira vez que soube que tinha um cabelo branco. O Frederico (meu ex-marido) é mais alto que eu e, no Ikea, viu que tinha um. Apontou para ele a rir-se e eu acho que não evitei uma lagriminha ou outra. Não sei bem porquê.

Também me lembro da minha primeira ruga. Num cruzeiro (ganhei por sorteio interno). Tive tempo para me olhar para o espelho devagar e reparei que estava a "envelhecer" - tinha uns 23 anos.

Tenho uma amiga que está em pânico por já ter 30 anos, por trabalhar com pessoas muito mais velhas, ao ponto de estar a usar cremes anti-rugas e anti-envelhecimento... A minha mãe diz que já estou na idade de "cuidar de mim" e isso inclui também usar cremes "apropriados", nomeadamente estes anti-âge (acho que é assim). 

Sempre senti alguma resistência. Talvez porque não sinta - para já ou de momento - que a solução para esta "vaidade" e vontade de conservar a  juventude passe por cremes. Acho que tenho tentado combater isso com água e tentando ter algum controlo positivo na minha alimentação. Os cremes parecem-me uma solução "final de linha", já. Talvez seja também não ter dinheiro para esse tipo de coisas, também.

Uso cremes hidratantes, mas tenho tentado hidratar-me em vez disso, percebem?

Li isto neste fim-de-semana: "A revista Allure não utilizará mais o termo anti-envelhecimento". E foi isso que me fez pensar. 

É natural que nos assustemos com o envelhecimento. É visto como perda de faculdades, de beleza e de poder, de... mas será? 

Fotografia random da net.

Estamos a ser más para nós mesmas. Ainda não sei bem como vou lidar com tudo isto, mas esta notícia, para mim, foi food for thought. 

Como têm lidado vocês com o amadurecimento? :)


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9.28.2017

Por que é importante desromantizar a maternidade?

Eu, Joana Paixão Brás, uma eterna romântica, apaixonada pela vida, pelas minhas filhas, pelo meu namorado, pelos meus - todinhos -, uma miúda que canta no carro, que dança descalça enquanto rega as flores do jardim e molha as filhas com a mangueira, até todas acabarmos a rir na banheira a tentar tirar a sujidade das unhas, que gosta de apanhar amoras e figos e comê-los em os lavar, que adora vestidos e frufrus, que largou o trabalho um ano e tal para estar mais tempo com as filhas, que enche bem o peito de ar e suspira de cada vez que sente que tudo faz sentido quando estamos os quatro, digo-vos por que é que É IMPORTANTE DESROMANTIZAR A MATERNIDADE.

Porque a vida de mãe não é nem tem de ser perfeita. 
Não temos de nos sentir sempre felizes, responder que estamos bem, podemos admitir que estamos cansadas ou que há dias em que não nos apetece ser mães, apesar de amarmos aqueles pequenos seres mais que tudo nesta vida. 
Longe vão os tempos em que as mães comiam e calavam. Em que tinham de cumprir o papel, estabelecido pela sociedade patriarcal, machista, e sorrir. Em que achavam que não faziam mais do que a sua obrigação, que tinha de ser assim: os filhos eram da sua responsabilidade, "a mãe é que sabia" e, portanto, tinham de ser exímias nessa arte, enquanto os maridos trabalhavam e punham dinheiro em casa. Estavam separadas as águas. 
Agora sabemos que não tem de ser assim. E que para que todos possam ser felizes, é no equilíbrio que está a chave. É na diversidade, nas escolhas de cada um(a), no respeito por essas escolhas, que a sociedade se poderá tornar mais igualitária e mais justa. Os nossos sonhos podem ir (ou devem ir) além de ser mãe e, para isso, é importante dizer que a maternidade pode não ser fácil e pode não ser a única coisa a que queiramos dedicar-nos, nem que a iremos abraçar sempre, todos os dias, com entusiasmo. É importante, desde o primeiro instante, desabafar, delegar, pedir ajuda, partilhar. 
É importante deixarmos de dizer exclusivamente "a mãe é que sabe" porque é óbvio que o pai também sabe, se não sabe passa a saber e é melhor para todos (crianças então nem se fala) se todos souberem. É importante exigir que todos saibam ou queiram saber.
É importante deixarmos de comparar o nosso grau de envolvimento na maternidade com o tempo que cada uma passa com os filhos como se apenas tempo fosse qualidade. É importante deixarmos de nos sentir mal se tivermos necessidade (por que razão for) de voltar a trabalhar. Ou se nos sentirmos de férias no trabalho. É importante deixar a culpa de lado quando queremos ter um tempo só para nós. É importante falarmos em depressão pós-parto. É importante dizer que eles dão muito trabalho e que a privação de sono é do pior que há. É importante termos ajuda e buscarmos soluções. E vermos a educação de um filho como algo colectivo.

É importante que haja cada vez mais pais a falar de paternidade e de maternidade. Paizinho, vírgula. Cenas e coisas de um pai. Marcos Piangers. Duas para um. À paisana (que saudades!). A Pitada do Pai. 
Rir com a paternidade, falar de educação, de parentalidade consciente, do amor pela filha e pela mulher, desenhar os episódios mais caricatos ou mais comoventes ou mais duros, falar de comida saudável... enfim, ver pais a envolverem-se em várias frentes da criação e da educação de um filho é essencial! É importante espicaçar um "pai de selfie", como lhe chama o Piangers, para o acordar e fazer dele um pai Pai, participativo. É importante desromantizar a maternidade, pararmos de achar que só nós, mães, conhecemos os nossos filhos ou damos conta (colocando a pressão toda em cima de nós), é importante voltarmos vezes sem conta àquele provérbio nigeriano de que "é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança".

É. É preciso pararmos de achar que os filhos são tarefa da mãe, para que a mãe possa ser o que quiser ser, para que a mãe possa ter trabalho depois de ser mãe, para que possa realizar-se da forma que mais desejar. Para que o pai, em querendo, possa ter a licença, sem represálias. Ou faltar ao trabalho quando eles estão doentes. Ou não ter reuniões marcadas para o final do dia. E a mãe possa deixar de ser olhada com julgamentos, quer opte por ficar em casa ou por ir trabalhar, quer se queixe ou não. E, sobretudo, para que os nossos filhos sejam criados com esta noção de liberdade, de igualdade, de escolha.  
Que os sonhos deles, sejam eles quais forem, não tenham um travão.


 
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9.27.2017

Mal eu sabia...

É mais uma chapadinha. 

Vou tentar ser sucinta porque queria que todas lessem até ao fim. 

Fui de viagem com uma amiga e o filho dela. Uma viagem de uma hora ou quase. Fomos juntas no carro: a Irene, ela, o filho, eu e a cadela. 

Pouco depois de partirmos de Lisboa, o filho disse que tinha vontade de ir à casa de banho. A mãe disse para ele esperar um pouco que estávamos quase a chegar. 

Fiquei ligeiramente... intrigada, porque não era verdade, mas "não é meu filho" e segui em frente. Aliás, não segui, eu estava no banco de trás entre eles os dois que a cadela ficava mais relaxada à frente - tudo bem. 

Há um crescendo nos avisos do miúdo. Um crescendo acompanhado de um agarrar na zona da braguilha enquanto se contorcia. Ouvimos uns "estamos quase a chegar", "tens de ter paciência", "procura os aviões", "lembras-te quando fomos todos...", "olha a Irene que vai ali...", "está quase filho", "já sei que tens vontade de fazer xixi, mas aguenta um bocadinho", "filho, olha, lembras-te...?". 

Continuava ele com um choro intermitente, daquele sem lágrimas, mas muito aflito. Ia entesando as pernas e fazendo força com as mãos. 

- Mãaaaaaaaaae! 

- Filho, olha ali o sinal, está a dizer que está quase a chegar a bomba de gasolina!" - olhei para o sinal e dizia "bomba a 30 kms". 

Não aguentei: 

- Olha lá xxxx, eu não me importo nada que paremos. Encostamos aqui à beira da estrada, até posso ir eu com ele fazer xixi, nem sais do carro nem nada... a sério!

- Não, Joana, estamos quase a chegar. 

Não vos sei explicar. Houve vários pensamentos que me assaltaram por completo. Fiquei de todas as cores por dentro. Tive vontade de arrancar o miúdo dos cintos, puxar o travão de mão e tratar eu do assunto, até que pensei: "ela lá sabe, isto tem que ter uma explicação, caramba!". E, então, perguntei: 

- Isto acontece muitas vezes, é? 

- Acontece, Joana. Tu não tens noção a quantidade de vezes que já parámos a caminho de todo o lado. Parámos nas bombas de gasolina e ele depois até se esquece do que o levou a sair. Quer sair do carro, apenas, não gosta de estar preso. Sabe que o xixi é a melhor arma porque costuma resultar e, então, é isto. 

- E tu sabes que ele não tem xixi porque fez antes de sair de casa? 

- Pois. 

- Ok. 

Provavelmente se tivesse assistido a isto na rua, escreveria linhas a fio a julgar esta mãe porque, por não a conhecer, não nos teria dado a oportunidade de ir além do óbvio. Já julguei a mãe que gritava e já grito de vez em quando - escreverei sobre isto quando já tiver processado melhor, já julguei a mãe que quer usar trela com o filho, já julguei... e estava a julgar a mãe que se estava a borrifar para o filho ao ponto de nem sequer se importar se ele estava aflito para fazer xixi. 

Preciso de um keep calm pelo rabo acima. 





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9.22.2017

Carabineiros, amizades de sempre e corações partidos.

Ontem eu e o meu melhor amigo falámos sobre o amor e as relações. Falámos sobre começos, desilusões, corações partidos. Não sei bem o que é isso de ter o coração partido. Ainda bem. Mas, tudo o que possa dizer aos meus amigos quando eles estão tristes, derrotados, o que seja, por razões amorosas que não funcionaram, vai ser sem experiência própria. Falo sempre hipoteticamente. Dou conselhos sem poder usar a frase "sei bem o que isso é". Tenho, sempre tive a sorte, de ser correspondida no amor, na paixão. Tirando quando tinha os meus 14 anos, quando a minha mãe usou a inesquecível frase "não é por morrer uma andorinha que acaba a primavera", depois de eu ter estado uma ou duas semanas a chorar muito, na cama, numas férias em que o "the one", mais velho, a quem apenas dei a mão mas achei que aquilo eram promessas de amor eterno, me ter "trocado" por uma moça mais velha (enchi páginas e páginas do meu diário à custa disto e achei que ia morrer). Falando em relações adultas e mais maduras, nunca soube o que era sofrer por amor, nunca me senti defraudada, nunca investi e não colhi (já fiz sofrer, infelizmente). Tive 3 relações sérias, duradouras e uma delas é a actual, que acredito ser para sempre (se não se acreditar, mais vale não se estar "nela", digo eu). Por isso, não sou certamente a melhor pessoa para avaliar o sofrimento alheio, para dar conselhos, para fazer sugestões. Acredito no amor. Mas acredito também que nem todas as pessoas têm as mesmas visões e ambições (de assentar e constituir família, por exemplo), as mesmas construções de relações, de futuro, as mesmas pressas, etc, etc. Nem todos sentimos da mesma forma. Nem todos sabemos bem o que queremos. Nem todos somos o mesmo sempre. Uns mudam, outros não mudam, com tudo o que isso tem de bom e de mau. Mas, de resto, sobre relações, pouco sei. Não tenho como ajudar a sarar corações partidos com palavras ou exemplos, mas sou boa a ouvir, a estar lá e a garantir que vou estar lá sempre. Espero que chegue. Acho que sim.

Fomos almoçar, beber um vinhito, desabafar e rir, o melhor remédio. Fomos até ao Pesqueiro 25, ali no Cais do Sodré (em frente ao Jamaica, na rua cor-de-rosa). Se querem comer bom marisco num ambiente bonito e descontraído é ali. Entre o prato de presunto cortado ali na sala, servido com um vinho seco, a sopa de lavagante com ovas (a delícia das delícias), as ameijôas e o carabineiro, a acompanhar com pãozinho torrado (que molhamos nos molhos, pois está claro) e com um vinho mais frutado, um Pintarola, lá íamos pondo a conversa em dia. Momentos raros, desde que tive a segunda filhota e viemos para Santarém. Raros mas muito, muito importantes. Já a modos que empurrámos o prego de atum, mas lá arranjámos espaço para as sobremesas (é incrível como arranjamos sempre espaço para as sobremesas...). Tudo excelente. Nota-se que gosto muito de comer? :)

São estes almoços que nos fazem perceber que a amizade é uma forma de amor incondicional. E é sempre tão bom, mas com um bom vinho é ainda melhor. Um brinde à nossa amizade, desde o 10º. ano (meu, que ele é um nadica mais novo), um brinde a nós, um brinde ao amor! <3











Antes que comecem a chover mensagens de pesar, o Renato está óptimo e recomenda-se, é só um daqueles amigos com quem dá para falar de tudo e o início do Outono acaba por puxar mais ao sentimento. :)

[já agora, vocês ouvem o Renato na Renascença de manhã? E já o viram na RTP2 ao domingo à noite a apresentar o Olhar a Moda? E já o seguem no instagram? Parece que este parágrafo foi encomendado por ele, mas juro que não. É mesmo aquele orgulho enorme de amiga/irmã.]

 
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