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7.15.2015

Mas... o que é isso da Disciplina Positiva?

Comecei a tomar contacto com "isto" da Disciplina Positiva através duma amiga minha (obrigada CP), juntei-me a um grupo sobre isso no Facebook, fiquei mais curiosa ainda e comecei a ler um livro sobre isso. Algum tempo depois apareceu a Natália, fundadora inicial desse grupo, que além de bastante solícita, sempre muito informada nas respostas que dá a todas. Achei que poderia ser interessante para todas nós. 


Por que é que estou a entrevistá-la sobre Disciplina Positiva, Natália? Porquê a si? Vá, isto é uma maneira pseudo-discreta para pedir que se apresente e para dar motivos às outras mães para confiarem em si.

Imagino que me esteja a entrevistar porque leu algo que escrevi em resposta a alguma questão sobre educação ou porque mais recentemente ouviu algo que disse num vídeo ou num áudio que publiquei. E, além disso, imagino que outra razão  possa ser o facto de eu ser mãe de 4 filhos e de ter adquirido algum conhecimento sobre Disciplina Positiva e outras abordagens que podem fazer sentido às pessoas, mesmo sem saber o que significam ao certo. A curiosidade e a vontade de educar os filhos para um mundo melhor poderia ser igualmente uma razão. Não sei como é que as pessoas me encontram, mas espero que seja útil e, se gostarem da minha forma de estar e de não julgar, se calhar até ficam com uma ou outra ideia de como poder alcançar o sonho de educar os filhos da forma como idealizam em vez de cair em padrões de como foram educadas e que, no fundo, não querem repetir.

Sei que a Natália não acredita em "certificados", mas pode mencioná-los? Assim talvez consigamos chegar a mais mães que leiam a sua conversa com mais atenção. O que me diz?

As minhas qualificações mais importantes são os meus 4 filhos, o meu marido e outras pessoas chegadas que me ensinam a manter uma relação com eles de forma autêntica e compassiva, sempre que me é possível. E, provavelmente, os mais de 11 anos de parentalidade e comunicação não-violenta que tenho estudado na "escola da vida". Além disso, "formei-me" (são formações para  voluntariado e sem reconhecimento oficial de alguma "autoridade", acho eu :)) para ser moderadora da Attachment Parenting International (mais recentemente chamam isso de Parentalidade por Apego em Portugal, mas há anos dizíamos Educação Intuitiva) e  também da Liga La Leche. Também tenho estudado e vivido isto da comunicação não-violenta (com a BayNVC e com a "minha" professora Sarah Peyton www.empathybrain.com). Sou também educadora parental de Disciplina Positiva e estudei um ano num seminário avançado com o autor do livro Playful Parenting (Educar a brincar). Fiz mais coisas, mas enumerá-las, a meu ver, não prova nada. Por isso, comecei a fazer recentemente áudios e vídeos para que as pessoas me possam ver e ouvir, decidir se gostam de mim e das coisinhas que tenho para dizer. No fundo, quero que as pessoas descubram por elas próprias se aquilo que eu lhes apresento faz algum sentido.




Por que é que as pessoas associam a disciplina positiva àqueles "hippies que mesmo que mesmo que a filha bata, dizem que está tudo bem, apesar dela continuar a bater" (a frase é de alguém que nunca leu sobre isto)?

Na minha opinião, é pelo  desconhecido nos causar, muitas vezes, desconforto que resistimos essas coisas, por não sabemos o tipo de problemas que poderia causar. As pessoas tendem a associar a palavra "disciplina" a coisas más (eu associo à  imagem de um militar que grita para um grupo de soldados ;)) e, frequentemente, essas associações estão relacionadas com "algo que tem que ser aprendido de forma dura" e com a disciplina física (a tal palmada que não faz mal a ninguém por ex). No mundo da parentalidade parece haver muitos "extremistas": há os que defendem a não-violência e há os outros que acreditam que só com violência é que se chega ao destino.. Sendoo destino um adulto funcional e inserido na sociedade, digo eu.

O que é, afinal, a disciplina positiva? E por oposição a quê?

A Disciplina Positiva é uma abordagem que combina a amabilidade com a firmeza e que se baseia no respeito mútuo, no envolvimento das crianças na resolução de problemas e que se foca no desenvolvimento de pessoas capazes.

A Jane Nelsen (que escreveu grande parte do livros sobre a Disciplina Positiva, alguns em conjunto com a  Lynn Lott) fala em 3 abordagens principais de parentalidade. A Severidade que é o controlo excessivo, a Permissividade que significa a ausência de limites e a Disciplina Positiva baseia-se na firmeza com dignidade e respeito.





Todos os pais conseguem por em prática os pilares da disciplina positiva? Mesmo os mais enervados? Mesmo os mais cansados? Mesmo os que trabalham muito? É só uma questão de querer muito?

Bem, eu quero muito acreditar que sim,  que mesmo em circunstâncias difíceis é possível aplicar os conceitos da Disciplina Positiva. Digo isso porque a Disciplina Positiva protege os pais do cansaço extremo e permite guardarmos os nossos escassos recursos para quando forem mesmo necessários. A Disciplina Positiva defende que as crianças devem ser autónomas e encorajadas a contribuir para o bem-estar da família e para terem consideração por outros seres e também para com o planeta, diria.

Vejo a DP como um conjunto de linhas orientadoras e ferramentas que facilitam a vida à todos. Ajudam os mais enervados manterem a calma (por gritarem e ralharem menos), aos cansados permite encorajar os filhos a ajudar e fazerem o que sabem fazer sozinhos, aos que trabalham muito dá umas ferramentas valiosas para que possam aproveitar o tempo que têm de forma positiva (porque oferece boas ferramentas de gestão de tarefas e de conflitos e ensina  cooperação e o respeito mútuo). Quanto a ser uma questão de "só querer muito" não tenho bem a certeza, porque  acredito que, para atingirmos algo, às vezes é necessário orientação, suporte e dedicação, mas para isso estou cá eu e imagino outras pessoas que possam ajudar a manter o foco naquilo que queremos atingir. 

Contudo, o primeiro passo terá que ser dado pelos pais e depois sim poderá tornar-se numa viagem em conjunto com outros pais e com a minha ajuda da minha, se for desejado.

Falhar não é fracasso, certo? Na disciplina positiva pode-se pedir desculpa e tentar de novo, certo?

Na Disciplina Positiva vemos os erros como oportunidades de aprendizagem, focamo-nos numa possível solução em vez de apontar o dedo e procurar o culpado. Aliás, reconhecer perante os nossos filhos que erramos, ensina-lhes muita coisa importante, como por exemplo que os adultos não são perfeitos e que, muitas vezes, temos o poder de emendar os nossos erros, assumindo responsabilidade pelos nossos actos e aprender com isso.

Pode dar alguns exemplos de como aplicar a disciplina positiva para resolver as seguintes situações? Claro que tudo depende da idade das crianças.





- A criança que, no supermercado, não para de apontar para tudo e fazer birra caso a mãe não lhe dê as coisas para a mão.

Aconselho a ferramenta chamada "Escolha limitada". Pode dizer à criança que pode escolher entre duas coisas: ou brincar com o brinquedo ou ler o livrinho que trouxe (não se esqueça de ir prevenida). Às vezes deixava que os meus filhoa vissem fotos no telemóvel, durante as compras. Se os filhos querem ajudar nas compras, acho que é algo a encorajar, de forma adequada à idade. Quando uma criança pede coisas que não estão na lista, isso pode ser uma boa justificação. Ex.: a criança quer gomas, nós olhamos para a lista e dizemos "Ohhh não tenho aqui gomas na minha lista, eu acho que só compramos essas gomas para as festas de aniversário...e quando é que fazes anos? Ah já só faltam 3 meses e quantos anos fazes...". Com alguma sorte a criança ficou distraída ;)

Também quero chamar à atenção para o facto de que o tipo de relação que pais e filhos têm, tem muito a ver com este tipo de comportamento. Por isso, se quer mudar algumas coisas mais enraizadas na sua dinâmica familiar, mais vale pensar em investir um tempinho para participar num workshops ou num curso virtual para aprender algumas ferramentas novas e receber eventualmente orientação personalizada para que a mudança seja duradoura e à medida da sua família.

- A criança que não empresta os brinquedos a ninguém e que "tira os brinquedos de todos os outros".

Conheço poucos adultos que me fossem emprestar o portátil ou telemóvel, muito menos num parque público ou numa instituição (digamos no hospital ou na sala de espera nas finanças) ;).

Há muitas formas de lidar com uma situação destas, depende um pouco da personalidade do adulto e se o mesmo se sente capaz de optar por uma brincadeira ou se está numa situação desconfortável - pode estar rodeado de pessoas estranhas e querer ficar bem-visto. Aos olhos da Disciplina Positiva a partilha não é algo que se deva esperar antes dos 3 anos de idade e meso depois a aprendizagem da partilha é complexa e exige tempo e passos pequenos. Podemos modelar a partilha (e se pensar bem não é algo que as crianças observem com muita frequência) por exemplo na mesa ou durante o dia com outros membros da nossa família.

Também pode ajudar ter brinquedos que são para partilhar e outros que claramente que não. É igualmente importante aprender a respeitar que algo pertence a alguém e que não o podemos ter tal como é valioso saber partilhar. Mas tudo ao seu tempo e com a devida e necessária maturidade. Partilhar é um conceito complexo e podem-se partilhar mais coisas do que só brinquedos, não se esqueça de ensinar ao seu filho a partilhar sentimentos ou acontecimentos.


- A criança que não quer dar beijinhos aos outros familiares quando os vê.

Aconselho a ferramenta de oferecer uma alternativa (eu pessoalmente acho importante ensinar aos meus filhos que eles são donos do seu corpo e não têm que deixar, à partida, ninguém fazer nada que não queiram...e convido-o a pensar uns anos mais à frente quando, por exemplo, a sua filha já é uma adolescente e um rapaz pede beijos ou algo que ela no fundo não quer dar/fazer). Podia dizer, por exemplo, "Não precisas de dar beijinhos, mas podias dar uma festinha ou dizer olá (agora imagino familiares e amigos a derreterem-se igualmente com uma festinha do que com um beijinho). Forçar não me parece ser uma opção, por isso resta-nos pedir para a criança cooperar ou oferecer alternativas aceitáveis.


- A criança que não pára de chamar pela mãe enquanto a mãe não lhe responder e vai subindo o volume.

Dependendo da verdadeira disponibilidade da mãe, que tal prestar atenção ao que a criança precisa e depois continuar a fazer o que estava a fazer? Se for um problema constante ou muito recorrente aconselho a olhar para a razão deste tipo de comportamento e observar mais de perto a dinâmica familiar.


- A criança que não quer ir dormir e que faz uma birra enorme.

Agora teria que saber mais detalhes... Por exemplo, será que a criança está com muito sono e passou da hora de deitar? Será que a criança tem medo e não quer ficar sozinha? Geralmente há ferramentas que facilitam as rotinas, mas muito depende da idade e do tipo de desafios.



No entender da Disciplina Positiva, o que são birras?

A meu ver, uma birra é a expressão de frustração, de uma maneira algo infeliz. Na Disciplina Positiva defende-se que qualquer comportamento é, no fundo, um pedido para ser amado. Por isso, da próxima vez que o seu filho faça uma "birra" imagine que ele vestido tenha uma t-shirt a dizer, em letras grandes  "Só quero ser amado!"

Por que é que o castigo não funciona?

O castigo funciona (geralmente a curto prazo, porque a longo prazo causa danos indesejáveis para a maior parte dos pais), mas vem a com um preço que nem toda gente está disposta a pagar. O preço do castigo a curto prazo é uma disrupção imediata da proximidade e de diminuir ou até eliminar a vontade de cooperar por parte da criança. Qualquer bom comportamento que venha a seguir a uma palmada ou um castigo está baseado em medo de violência ou de retirada do amor parental. A mensagem dada a curto e a longo prazo é a de que o comportamento é mais importante do que a relação e que não queremos saber o que se passa com a criança, mas sim que só queremos que se porte bem. Assim, ensinamos valores que a curto, médio e longo prazo causam mais problemas do que resolvem.



O que faz uma palmada? Mesmo os "enxota pó" das fraldas são de evitar ou dar-lhes um incentivo para se desfocarem das situações é aceitável?

Uma palmada pode fazer muita coisa, dependendo do tipo de relação que existe entre o palmador e o palmado ;). E também importa se é a primeira palmada ou a milésima. Eu acho que a pergunta "O que vai aprender com esta palmada?" mais interessante para ser sincera, mas também sei que quando estamos sem recursos (exaustas e sem paciência), não é disso de que nos vamos lembrar.  Se calhar, podemos antes pensar a) o que podemos fazer se não queremos dar palmadas ou incentivos e b) o que podemos fazer se o fazemos na mesma? Neste caso eu ia responder que ter ideias e ferramentas para saber como lidar com situações difíceis sem recorrer a palmadas e incentivos exige alguma aprendizagem e estudo.  Mas vale a pena porque são ferramentas que ajudam a fomentar relações duradouras e saudáveis que se baseiam em respeito mútuo e assim tornam-se num modelo de estar na vida para os nossos filhos. Quanto aos casos em que já aconteceu, temos a oportunidade de aprender (e ensinar) como ser responsável pelos nossos próprios actos e em vez de dizer "A culpa de te ter dado uma palmada foi tua porque te portaste mal", podemos dizer "Peço desculpa por ter te dado uma palmada, no fundo nem acredito que isto melhora a situação e também não quero que aches que não te amo. Estou cansada e está calor e se calhar preciso um copo de água e duma uma pausa, podes ajudar-me?"

Não sou amiga de incentivos, pelo simples facto de colocar a motivação no exterior em vez desta ser interna. Isto é obviamente  um assunto complexo, mas de forma resumida pode se comparar ao "fazer algo de bom porque queremos fazer isso" ou se "fazer algo de bom porque queremos receber algo em troca". Eu prefiro que as pessoas actuem de forma genuína, sem quererem algo em troca.

O que devem os pais fazer para conseguir implementar as sugestões da Disciplina Positiva? O que pensar quando se erra?

O primeiro passo, no meu entender, é ter noção daquilo que é a Disciplina Positiva. Aprender os critérios e as ferramentas que a mesma oferece. Infelizmente o livro da Jane Nelsen - Disciplina Positiva está esgotado em Portugal e não me parece que vai ser re-editado tão cedo. 

Quando se erra, o melhor, digo eu, é  assumir a responsabilidade. Por isso,  procurar alguém que não nos julgue para poder expressar os nosso sentimentos e depois disso pensar numa maneira de aprender com o sucedido, pode contribuir para uma aprendizagem. Isto pode ser num grupo onde haja algum conhecimento sobre as ferramentas da Disciplina Positiva ou falando comigo, por exemplo.



Vai haver um encontro em breve, onde a Natália irá dar as suas dicas. Quer falar-nos nos detalhes e nos conteúdos? Estamos todas convidadas?

Vai haver dois eventos no mês de Julho, um é virtual no dia 18 de Julho e o outro vai ser em Oeiras no dia 26 de Julho. Vou falar dos critérios da Disciplina Positiva e de algumas ferramentas. Estarei disponível para perguntas e abordaremos situações que tenham surgido na vida das pessoas.

Estão convidados. No evento virtual há 25 lugares, mas quem não conseguir entrar pode ouvir a gravação. Em Oeiras não coloquei limite de vagas porque quero que as pessoas tenham a oportunidade de encontrar outras pessoas igualmente interessadas na Disciplina Positiva. Podem ver os detalhes dos eventos aqui.

Para além da disciplina positiva, que outras "correntes" sugere que as mães se informem ou tenham atenção?

A resposta mais sincera que posso dar é: "Investiguem SEM FALTA ;) o Educar a brincar (Playful Parenting)!"

Quer recomendar alguns livros para ler?

Infelizmente não há muitos livros em português que eu tenha lido acerca desses assuntos, eu leio muito em inglês e às vezes em alemão.


As nossas leitoras podem deixar dúvidas nos comentários que a Natália depois vem cá dar uma ajudinha? Ou, o que recomenda para que elas tenham ajuda quando precisarem?

Venho cá com todo o gosto responder aos comentários e para terem ajuda podem juntar-se ao grupo da Disciplina Positiva no facebook aqui e para ficarem informadas podem subscrever a minha newsletter aqui.

5.14.2019

"Este puto é um mal-educado!"

Ainda bem que abriram o post apesar do título sugerir que fosse um post todo moralóide e cheio de cenas. Não é. 

Está um dia tão bonito - estou a escrever isto segunda-feira à tarde - e só gostaria que toda a gente tivesse a mesma sorte que eu (e umas quantas vocês) de aproveitar. Nem sempre retiro prazer destas coisas mas outra coisa que ninguém nos disse é que... ser feliz também dá trabalho. 

No outro dia, a folhear uma revista muito gira chamada Lunch Lady (uma revista australiana), deparei-me com um artigo mesmo muito interessante, que fez mesmo muito sentido.

Eu feita parva no meio da minha sala a tirar uma fotografia com o temporizador do telemóvel.

Revista Australiana Lunch Lady que tem várias receitas de snacks e refeições saudáveis, artigos sobre parentalidade inspiracionais e muito anúncios de slow fashion e de compra consciente. 

Lembrei-me só das parvoíces que a Super Nanny andou para aí a dizer a a espalhar num meio de comunicação tão abrangente como a televisão mas, mais uma vez, o dia está bonito e vou focar-me no que é bom e positivo - dá trabalho. 

Encontrei um artigo nessa revista chamado "Love Bombing" em que estiveram à conversa com um psicólogo infantil (assim parece que estão a dizer que o psicólogo não tem maturidade: "gostei do psicólogo, mas era um pouco infantil") chamado Oliver James.


E ele, neste artigo, propõe uma abordagem muito interessante quando sentimos que os nossos filhos estão a falar uma linguagem completamente diferente da nossa, quando fazem tudo ao contrário, quando parece que se comportam mal só para nos enervar, etc. Isto é, quando a relação entre pais e filhos fica definida por falta de comunicação, entendimento, tensão e conflito. Quando é esse o estado "normal". 

Acho que todas nós já passamos por isso enquanto filhas ou, mesmo enquanto mais, há fases mais bruscas que outras, em que nos encontramos menos com os nossos filhos. Já me aconteceu. E vai acontecer mais vezes, certamente. 

Apesar de todos andarmos à procura de soluções milagrosas, de comprimidos que resolvam problemas emocionais e relações. As coisas até poderão funcionar assim no que toca a uma candidíase recorrente (vá), mas não no que toca a construir uma relação em família. 

Porém, este "Love Bombing", esta ferramenta, atitude ou comportamento, vá, promete e tem cumprido mudanças muito intensas nas dinâmicas familiares. Parte da premissa que existe algo comum a todos os comportamentos problemáticos como a agressividade, desobediência, hiperactividade, timidez, ansiedade social. É o medo que os une e a resposta sistemática (e primária) de "fight or flight". 

Apesar deste artigo do público falar muito da experiência em moscas da fruta, também explica bem (em português) o que é este mecanismo de fuga ou de paralisia.


Voltando ao psicólogo infantil ( na na na na na - ler a cantar de forma imbecil), quando as nossas crianças sentem medo, reagimos de forma adequada que é abraçando-as. Quando têm outras reacções, visíveis através destes comportamentos originados pelo medo, respondemos de maneira oposta: sem empatia, com mais conflito, rejeição e castigo. Isto cria uma dinâmica, não é? Que aumenta, ainda por cima, aquilo que causa o comportamento da criança e que provoca a nossa reacção também primária, insegura e territorial...

Acredito que somos nós, os adultos e os pais, quem tem o dever de terminar com esta dinâmica ou de, pelo menos, dar o nosso melhor. Estando conscientes do que estamos a fazer. 

O tal psicólogo propõe então isto da "bomba de amor" que consiste em passar um dia inteiro (ou ainda mais tempo) em que é a criança quem escolhe tudo aquilo que quiser fazer: as actividades, a comida, a conversa, tudo. Sendo a única coisa que o pai tem que fazer é estar presente, disponível e com peito aberto para amar a criança (não estar preocupado com outras merdas e respeitar o que está a ser feito, vá). 


Isto traz algumas descobertas fantásticas para ambas as partes, sabendo os pais brincar. Não é o mesmo que tempo de qualidade, atenção. PAra que isto funcione é imperativo que seja criado um espaço DIFERENTE da rotina diária. Até poderá ser planeado com antecedência pela criança, podemos atribuir a conotação de "eish que grande dia que aí vem" como fazemos com os aniversários... podemos dizer-lhes para escreverem (ou enumerarem) uma lista de coisas que querem fazer...

A ideia é dizer que sim. Enchê-las de amor. Vão sentir-se mais seguras, sentir que ganharam um pouco mais de controlo e faz maravilhas pela relação. Os pais, fora daquela bolha habitual de "má onda", são capazes de voltar a olhar para os filhos como as crianças que são em vez de "inimigos" ou representantes ambulantes do seu fracasso enquanto pais. 

Não podem dizer "não faças isto ou aquilo" ou "não temos tempo para aquilo" ou "isso é parvo". Durante um dia - desde que não se ponham em perigo ou não queiram ir ao País de Dori (não sei onde é que é isto que a Irene quer ir), digam que sim. Aceitem a brincadeira. Podemos não ir ao País de Dori, mas podemos ir dar um passeio no jardim e fingir. Alinhemos.



Claro que isto é um artigo resumido. Não está aqui a salvação da humanidade, isto faz parte de uma filosofia maior que é "deixar as crianças serem crianças" e a importância de brincar. Tenho ali outro livro para ler sobre isso, depois também vos digo qualquer coisa.

Achei isto muito interessante. Já conheci pessoas que, nestas fases, desesperadas recorrem imediatamente a um psicólogo (ferramenta que conhecem e não tenho nada contra), mas ter esta ideia aqui debaixo da manga para quando for preciso só me parece útil. 

O que acham vocês?



7.01.2015

E como fazer com as sestas deles nas férias?

Pedi à Verina Fernandes, da Sono de Sonho para que escrevesse umas dicas para ajudar as recém mamãs a lidarem com as férias e com as sestas (tão importantes) dos filhos. Pode ser complicado, mas não é impossível e, agora, com as dicas da Verina, ainda menos! Querem partilhar experiências? 


As sestas 

Se a criança dorme com facilidade no carrinho, planeiem umas belas caminhadas por locais sossegados nas horas da sesta. Aproveitem para explorar a zona, ao mesmo tempo que executa um bom exercício cardio! O máximo que pode acontecer é sentirem-se cansados quando o vosso filho acordar (com a energia toda, claro!). Essa é a altura ideal para o deixarem correr no parque, espraiar-se aos saltos e cambalhotas, enquanto os pais lêem um livro só com um olho (que o outro está sempre alerta para os mais pequenos!). 

Se acham que as férias são para o dolce far niente e a perspectiva de fazer exercício provocam-vos uma tontura e um ataque de urticária fulminante, aproveitem a hora da sesta para apreciar a paisagem da zona, no conforto do automóvel com ar condicionado (se alugaram um Porsche em Vilamoura, têm mesmo que se fazerem ver dentro dele. Toca a pavonear-se nessa máquina!) 

Há ainda outra opção a considerar quando chega a hora da sesta: atribuir turnos. Se os pais reclamam algum tempo livre da miudagem, seja para fazer aquela massagem Vichy ou para comprar recuerdos em paz e sossego, então estabeleçam turnos: num dia vigio eu, no outro vigias tu a sesta da pequenada. 

E se quisermos “saltar” uma sesta porque o hotel organizou uma actividade espectacular na piscina, para toda a família, e acontece justamente na hora de dormir? 

Podem “saltar” a dita sesta, claro. Os pais é que sabem! Mas atenção, é bom que tomem as vossas decisões em consciência. Obliterar uma sesta pode significar ter crianças birrentas, que não vão usufruir (nem deixar usufruir) da tal actividade megabombástica na piscina e que podem manter o mau humor até ao fim do dia (imaginem só as fotos!). Melhor que ninguém, vocês conhecem as vossas crianças. Sabem perfeitamente se podem ou não cometer estas pequenas infracções nas rotinas de sono. Nem todas as crianças reagem mal a estes “delitos”. Claro está que “saltar” uma sesta implica obrigatoriamente deitar mais cedo! 

À noite 

Há crianças que dormem num quarto diferente sem qualquer tipo de drama. Já outras precisam de ser convencidas a dormir sem desconfianças, sem que acordem de hora em hora, só para verificar que o os pais ainda existem e que o mundo gira. Nestes casos, o que há a fazer é mesmo levar a casa às costas, ou seja, não esquecer alguns objectos-chave que a criança identifica (bonecos, mantas, candeeiros de mesa, luz de presença, livros, tapetes, cestos…), para tornar o ambiente novo mais familiar. Tentem reproduzir ao máximo o ambiente de sono e as rotinas de adormecimento que têm em casa e já meio caminho está feito para tudo correr bem. 

Podem, inclusivamente, a uma semana da partida, colocar a criança a dormir na cama de viagem que vão utilizar. 

As primeiras duas a três noites no quarto novo podem ser mais desassossegadas e a criança pode acordar ou até ter terrores nocturnos/pesadelos. Os pais devem estar preparados para este cenário e devem proporcionar todo o carinho e conforto, para que a criança se acalme facilmente. Ninguém quer dramas, muito menos nas férias! 

Os horários 

Quanto mais os pais “brincarem” com as rotinas dos miúdos, maior a probabilidade de as noites correrem mal, de as sestas virem recheadas com birras e dramas e de toda uma tempestade se instalar em toda a família. Meia hora é o máximo que podem esticar aos horários já estabelecidos. 
Se viajarem para destinos com grandes diferenças horárias, façam a adaptação gradual uns dias antes da viagem, antecipando ou atrasando os horários meia hora por dia (no máximo). 

Detalhes gigantes 

Escolham quartos de hotel espaçosos, para que as crianças possam ter um espaço para brincar, caso tenham o azar de fazer chuva (cruzes, canhoto! Não quero agoirar!). 

Todas as medidas de contenção de insectos são bem-vindas: levem os difusores de ultrassons (evitem os químicos); redes mosquiteiras para berços e camas de viagem; e Fenistil para as picadas nos passeios. 

Caso os quartos não tenham insonorização ou os vizinhos de férias sejam tão desgovernados quanto uma banda de rock num hotel, levem um rádio de pilhas (daqueles que se usavam para ouvir o relato na praia): deixem-no dessintonizado e assim conseguem o melhor ruído branco para neutralizar os barulhos que podem não deixar as crianças dormir à noite. Já sei que têm a app no telemóvel mas com o rádio não estão a expor os mais pequenos a radiações electromagnéticas. 

Certifiquem-se de que os quartos conseguem ficar bem escuros, mesmo durante o dia, caso durma a sesta nele. Acreditem que nem todos os hotéis acautelam estas situações, infelizmente. 


Não se deixem intimidar por todas estas condicionantes. Façam o contrário: abracem-nas e aceitem-nas, para que consigam tomar os melhores sabores de umas férias verdadeiramente descontraídas em família. Aproveitem e não se incomodem em enviar fotos a incitar inveja! 

12.13.2014

O dia em que desovei a Isabel


O parto é o talvez o momento mais temido pelas mulheres. Nunca tinha pensado muito nisso, mas quando estava grávida adorava ouvir histórias de partos, desde que não me contassem que a criança teve de ser novamente empurrada para dentro e que tinham levado pontos até ao pescoço e coisas levezinhas do género. Adorava ver vídeos no Youtube de gente a desovar. Não sei bem o que desceu em mim, mas eu achava aquilo lindo, emocionava-me e não sentia medo nenhum. Queria estar ali, no lugar daquelas mulheres.

E no dia 15 de março, esse dia chegou. Lá fora estava um lindo dia de sol. Estava grávida de 39 semanas e três dias. Acordei cedo, fui lavar roupas da Isabel, estava a passar a ferro e senti algo diferente. Seria ruptura da bolsa? 

- “David, acho que me rebentaram as águas!”
- “E posso dormir só mais um bocadinho?”, ouvi da boca do pai da criança.
- “Podes, então não podes… seu preguiçoso insensível!” 

Incrível como eles absorvem só o que lhes interessa das aulas de preparação para o parto… Pelo sim pelo não, obriguei-o a levantar-se e fomos ao hospital. Parecia falso alarme. Mandaram-me caminhar e voltar lá uma hora depois. E lá fui eu, toda descontraída dar uma voltinha ao Colombo, com a pulseirinha do Hospital. 

Afinal estava mesmo a perder líquido, ia ficar internada. A Isabel vinha a caminho. Eram 13h30. Até às 02h48 do dia seguinte ficámos à espera da Isabel. Não posso dizer que tenham sido horas de sofrimento, porque adorei aquele dia. Para mim, foi um parto humanizado, mesmo sendo num hospital privado. O David estava ao meu lado, as enfermeiras eram óptimas conversadoras e muito gentis, e acho, pelo menos à distância, que o tempo passou bem rápido. Quer dizer, até ao momento daquelas contrações. Aquelas… Ai! Mas eu queria continuar na bola de pilates a acelerar a dilatação, por isso adiei a epidural ao máximo. 

Chegou a um momento em que não dava mais. Pensei “isto não é suportável!”. O David massajava-me as costas para que eu me distraísse da dor. “Chega, não consigo mais!” Pensei nas heroínas que aguentam tudo, até ao fim. Eu quis a epidural. Na televisão estava a dar o estoril-marítimo e demos algumas gargalhadas à conta disso. Epidural e todo o conforto do mundo, até passei pelas brasas. A espera, mas nunca o medo. Inspira, expira, inspira, expira. As dores a tornarem-se insuportáveis outra vez. Hora do reforço da epidural. Sede, tanta sede e tanta vontade de conhecer a Isabel. Nunca mais vinha. Aí sim, lembro-me do tempo ter abrandado. 

A nossa médica chegou, acabada de chegar da Alemanha. Por SMS disse-me “vou fazer o seu parto”. Quase chorei de emoção. Ela era obstetra com que sempre tinha sonhado para aquele momento. Calma, doce, de sorriso fácil. A deixar-me tranquila, sempre. Nunca duvidei dela, nunca. Eu dizia piadas e estava bem disposta. O ambiente era calmo, repleto de risos. As enfermeiras eram de uma alegria, entrega e dedicação que nunca esquecerei. 

Eu estava pronta. No caminho para a sala de partos, respirei fundo e pensei na sorte que tinha. Pedi para que tudo corresse bem. Foram 10 minutos, não mais. Tivemos a ajuda da ventosa, mas nada disso me assustou. Entreguei-me nas mãos da médica que 8 meses antes me tinha anunciado, numa consulta de rotina, "está grávida!". A primeira pessoa que soube que eu ia ser mãe e me viu chorar de alegria, no dia 29 de julho. Tinha a Isabel apenas 7 semanas e tanto podia ser Isabel, como Sofia, como Pedro. 

Vinha aí, agora é que era. O pai da Isabel ao meu lado e o milagre a acontecer. Eram 02h48. Senti um corpo quente e irrequieto em cima do meu corpo. Era a minha filha. Massajaram-na, chorou. Nunca esquecerei o primeiro choro. Ri-me, ri-me muito, descontroladamente. Eu que sempre fui chorona, naquele momento tive um ataque de riso. Uma adrenalina como nunca tinha sentido. Puseram-na junto a mim, no peito, estava a chorar e acalmou com o som da minha voz. Arrepiante. Emocionante. Inesquecível. Fiquei com o rosto com marcas de sangue de tanto a beijar. 

3,680kg, tudo perfeito. Prontas para ir para o quarto, fizemos o trajecto juntas, foi a mamar e ficámos a olhar uma para a outra, a conhecermo-nos. Já no quarto, o pai pegou-a ao colo. Ali sim, chorei, chorei muito. Que momento lindo! O pai, o meu amor, com a Isabel nos braços. Os meus grandes amores.




E o vosso parto, como foi? Contem-nos tudo!

5.24.2016

a Mãe é cabaz de tudo - Dia da Criança!

Pois é, vem aí o Dia da Criança e nós, como grandes mãos largas que somos, queremos presentear os vossos filhotes (só um, que isto também não pode ser assim tudo à grande e à francesa) com um Cabaz de presentes.

Sim, a Mãe volta a ser Cabaz de tudo! Isto vai parecer a montra do Preço Certo, preparem-se!

Tchan tchan tchan!!!

A Marydoll não só tem um poster - já com moldura, em A4 - para oferecer, como ainda acrescentou ao cabaz uns Deco Stickers.




Para ajudar na tarefa de andar sempre com a casa às costas, temos uma mochila gira da Su and Kids Tuc-Tuc para oferecer. Podem escolher entre estas três:





Desta marca giríssima, a Tsuru, poderão optar entre as jardineiras Caparica e os calções Amorosa (ao vivo são ainda mais lindos!).




Um par de sapatos de qualidade made in Portugal dá sempre jeito, por isso da Trutué vão ter quatro opções para escolha: carneira de franja, carneira de velcro, carneira de botão ou feijão (eu já sei quais escolheria!).




Da Branco & Alecrim podem esperar uns lençóis queridos e personalizados para o berço, cama de grades ou de solteiro do vosso rebento.



Para a princesa ou para o príncipe aí de casa, sai um colar Principessa, à vossa escolha. E para a Mãe não ficar de mãozinhas a abanar, também poderá escolher um colar destes para usar com o(a) filhote(a).

 

A Catavento, uma das lojas mais giras de Santarém, vai presentear-vos com um jogo de memória, de madeira, da Capuchinho Vermelho.



A Marcador vai oferecer um livro -  A Viagem de Peludim -, que aborda aquelas questões mais difíceis "de onde vim?" ou "como nasci?", promovendo a igualdade de género e o respeito pela diferença. Mesmo que os vossos filhotes sejam pequeninos, como as nossas, fica já na biblioteca para daqui a uns aninhos.



E porque um passeio em família é dos presentes mais inesquecíveis que lhes podemos dar, vamos ter ainda quatro bilhetes (crianças e/ou adultos) para o Jardim Zoológico de Lisboa.



O que fazer para participar? 
1) Um like em cada página dos nossos parceiros: 
- atenção que já deitamos o Facebook abaixo uma vez com um cabaz, por isso, verifiquem antes do final do passatempo se os vossos likes se mantêm!



 

 

2) Partilhar o post do passatempo no Facebook publicamente, no perfil pessoal.
3) Identificar três amigos(as) no post original do Facebook.

Este post:




Identificaram os três amigos/amigas no post original? Só podem participar UMA vez.

As participações serão válidas até às 23h59 de dia 31 de maio de 2016. 

O vencedor será escolhido através de random.org. e será anunciado no dia seguinte. Deverá contactar-nos por e-mail para amaeequesabeblog@gmail.com. 
Iremos pô-lo em contacto com todas as marcas do cabaz, que irão agilizar o processo directamente com o sortudo ou sortuda.


Boa sorte!